Novo pleito foi remarcado para os dias 25 e 26 deste mês.
Ministério Público vai investigar tiroteio e bloqueio de terminais de ônibus.
O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo pedirá ajuda aos governos estadual e federal para garantir a segurança da eleição remarcada para os dias 25 e 26 deste mês. A nova data foi definida após cerca de dez pessoas ficarem feridas num tiroteio na sede da entidade, na região central da capital, na noite de quarta-feira (10), véspera do pleito que estava previsto inicialmente para eleger sua nova diretoria.
O ofício redigido pelo sindicato deve ser encaminhado ainda nesta sexta (12) ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, ao secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, ao ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, e ao governador paulista, Geraldo Alckmin, além do comando de policiamento da capital.
Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas (e candidato à reeleição), Isao Hosogi - o Jorginho -, a confusão teve início quando um homem que se apresentou como policial civil afirmou que o pleito não poderia ser realizado. Jorginho disse que estava no quinto andar da sede da entidade, na companhia de dois dos três policiais militares responsáveis pela sua segurança pessoal, no momento dos disparos. “Logicamente que policial militar, como faz segurança particular, ele estava armado, sim". Segundo as corregedorias das polícias Civil e Militar, não é permitido que os PMs façam bico de segurança.
“O sindicato em momento nenhum convidou a Polícia Civil [para garantir a segurança da eleição]. Pelo contrário, esse pessoal esteve a serviço de alguém. Uma das pessoas da Polícia Civil que esteve no auditório que falou que não ia ter mais eleição”, contou Jorginho.
Em entrevista na manhã desta sexta, Jorginho disse não ter informações de que foram seus seguranças que efetuaram os disparos. Os tiros teriam sido dados de fora para dentro do prédio. O sindicalista diz não ter visto quem efetuou os disparos.
Na quinta-feira, as corregedorias informaram que apuram a suspeita de que policiais das suas corporações estejam envolvidos no tiroteio. A Delegacia-Geral da Polícia Civil também abriu inquérito para tentar identificar os autores do tiroteio.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio, lesão corporal, dano ao patrimônio e disparo de arma de fogo. A perícia da Polícia Técnico-Científica apreendeu projéteis de armas de fogo próximos ao prédio, que ficou com as marcas dos tiros. Além disso, vidros foram quebrados, extintores acabaram danificados e cadeiras estavam destruídas.
Seguranças desarmados
O presidente do Sindicato dos Motoristas afirma ter contratado uma empresa para garantir a realização da eleição.“Infelizmente, a chapa dois não quer que o pleito aconteça nesse momento. Eles entraram com 15 ações pedindo a anulação desse pleito, mas a Justiça indeferiu todos os pedidos."
Jorginho disse ter recebido o comunicado de que a oposição iria invadir o sindicato. "Logicamente, o sindicato teve que tomar providências. Eu asseguro que essa segurança particular contratada pelo sindicato não estava armada”, declarou.
Transparência
Os dirigentes do sindicato voltaram a rechaçar a falta de transparência no pleito, acusação feita pela chapa de oposição. Segundo o advogado Antonio Rosella, foi dada a possibilidade de a oposição apresentar mesários para compor as mesas de votação. Para isso, no entanto, seria necessário um cadastramento prévio, o que não foi feito até o horário acordado, segundo Rosella.
A diretoria do sindicato nega que tenha impedido a entrada de integrantes da oposição no auditório durante a organização das urnas para envio às garagens onde funcionariam as seções eleitorais.
Jorginho também rebateu a acusação de enriquecimento ilícito. "Desafio meu adversário. Se ele encontrar essa mansão que eu tenho em Itanhaém e esse box [no Ceasa], esse patrimônio que estão falando, eu vou doar para qualquer instituição de caridade.”
O presidente ainda não prestou depoimento à polícia sobre a confusão porque ainda não foi convocado, segundo ele. "Esse sindicato não pode ficar da forma que está. Aqui já foram assassinados mais de 20 diretores. Tenho coisas para falar, mas não posso falar. Na hora oportuna eu vou falar. Não quero falar na grande imprensa porque se eu falar eu sou um homem morto amanhã", disse.
Ação do MP
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou nesta sexta-feira que dois promotores irão acompanhar a investigação da Polícia Civil sobre o tiroteio. Foram designados os promotores Neudival Mascarenhas Filho e Felipe Eduardo Levit Zilbermann. Segundo o SPTV, o procurador-geral Márcio Elias Rosa quer processar criminalmente por tentativa de assassinato os autores dos disparos que forem identificados .
Rosa também informou que os promotores irão cobrar dos sindicalistas pelos prejuízos causados à população pelo bloqueio de 16 terminais de ônibus na manhã desta quarta-feira. A mobilização, que durou cerca de quatro horas, afetou 400 linhas e prejudicou mais de 750 mil passageiros. As ações foram deflagradas por membros da oposição à atual diretoria do Sindicato dos Motoristas.