Meshael Alayban, uma das mulheres de membro da família real saudita, corre risco de ser condenada a 12 anos de prisão.
Meshael Alayban, de 42 anos, teria forçado uma mulher do Quênia a trabalhar 16 horas por dia como empregada doméstica, enquanto pagava como salário bem abaixo do combinado.
Autoridades dizem que Meshael tomou o passaporte da empregada para evitar que ela fugisse. O advogado da princesa descreveu o caso como disputa sobre horas de trabalho.
Em novembro, eleitores do Estado americano aprovaram penas mais rigorosas para o crime de tráfico humano. Se condenada, a princesa pode ser condenada a 12 anos de prisão, o dobro de anos da antiga penalidade prevista em casos como este.
Promotores disseram que a princesa seria uma das seis esposas do príncipe Abdulrahman bin Nasser bin Abdulaziz al-Saud, membro da família real saudita.
Promessa
A queniana, que não teve o nome revelado pela polícia, começou a trabalhar para Meshael no ano passado, ainda na Arábia Saudita, sob contrato de dois anos intermediado por uma agência de empregos.
O contrato garantia à empregada o valor de US$ 1,6 mil (pouco mais de R$ 3,6 mil) como salário por oito horas de trabalho diário, cinco dias por semana.
Mas a queniana passou a receber apenas US$ 220 (quase R$ 500 reais) e foi forçada a trabalhar o dobro da carga horária combinada.
A empregada da princesa Saudita, que tem 30 anos, alega que teve o próprio passaporte confiscado quando chegou à Aráia Saudita. O documento de viagem era devolvido apenas nas ocasiões em que ela viajava com Alayban para os Estados Unidos.
Na Califórnia, ela disse que era forçada a fazer trabalhos domésticos para pelo menos oito pessoas em quatro diferentes apartamentos do mesmo bloco de edifícios, sendo supostamente mantida nesse local em cativeiro - sem possibilidade de deixar a área.
A queniana teria então fugido, parado um motorista de ônibus, que a ajudou a chegar até a polícia.
'Escrava'
'Minha cliente era uma escrava para essa mulher', disse Steve Barick, o advogado da queniana.
'Ela não tinha o direito de se movimentar livremente. Ela teve esse direito de ir e vir confiscado. Ela foi intimidada. Ela recebeu uma promessa de uma coisa quando estava em outro país e quando foi trazida para cá (Estados Unidos) tudo mudou. Ela trabalhava demais. Ela era mal paga'.
O representante da corte do distrito de Orange (área de jurisdição do caso), Tony Rackauckas, descreveu a situação da acusada de 'um exemplo de trabalho forçado'.
'Já se passaram 150 anos desde a Proclamação de Emancipação (lei que acabou com a escravidão nos Estados Unidos), portanto escravidão tem sido ilegal nos Estados Unidos e certamente na Califórnia todo esse tempo', afirmou.
'É uma decepção ver isso acontecer aqui.'
Meshael foi liberada depois de pagar fiança de US$ 5 mil (pouco mais de R$ 11 mil), de entregar o seu passaporte e se comprometer a utilizar um equipamento de GPS para que seus passos pudessem ser rastreados.
Promotores apelaram para que o juiz aumentasse a fiança para US$ 20 mil (pouco mais de R$ 45 mil) ou retirasse completamente a possibilidade de liberdade provisória, tendo como argumento a fortuna da princesa.