Afegã que teve rosto mutilado por marido fala da nova vida nos EUA Tenho que amar

Afegã que teve rosto mutilado por marido fala da nova vida nos EUA: ‘Tenho que amar’


No início de 2010, a revista americana Time publicou, na capa, a foto do rosto mutilado da afegã Aesha Mohammadzai, vítima do marido e de um regime opressor. Nesta semana, o canal de notícias americano CNN veiculou uma nova entrevista com ela

Aesha está se submetendo a processos cirúrgicos em um hospital do estado de Maryland, nos Estados Unidos, para reconstruir o rosto mutilado pelo marido e sogros. A próxima operação deve durar oito horas, e está marcada para segunda-feira. Já deve ser metade do caminho para que Aesha consiga recuperar o nariz que tanto sonha.
Por enquanto, as marcas da tragédia são bem visíveis, mas a afegã não se envergonha de mostrá-las.
- Eu não me importo. Todo mundo tem algum tipo de problema - diz a moça. - No começo, eu fiquei muito assustada. Tinha medo de olhar o meu rosto no espelho. Tinha medo de pensar no que aconteceria no futuro comigo. Mas agora não tenho mais medo.

A afegã não sabe ao certo a idade que tem, porque nunca celebrou aniversários. Mas acredita que tem entre 21 e 22 anos. Aesha nunca foi à escola e precisou da ajuda da mulher que a "adotou", Jamila, para responder às perguntas da entrevista. A jovem já vive nos Estados Unidos há mais de dois anos, e há cerca de um, mora com uma família que a acolheu, e da qual ela já faz parte agora.
Ainda de acordo com a reportagem da CNN, Aesha perdeu a mãe biológica aos 2 anos. Ela foi enviada para morar com parentes e, aos 16 anos, o pai apareceu para obrigá-la a se casar. Ela fugiu do marido e da família dele, por causa dos abusos sofridos. Quando eles a encontraram, cortaram o nariz, as orelhas dela e a deixaram para morrer.
A afegã acabou chegando aos Estados Unidos com a promessa de um novo nariz. Viveu com pessoas bem intencionadas, que tentaram ajudá-la na Califórnia e em Nova York. Os médicos disseram, na época, que ela não estava preparada emocionalmente para cirurgias tão exaustivas. Aesha tinha crises psicológicas violentas, que os médicos chamavam de “crises artificiais”. Apesar do progresso, ela decidiu que precisava se mudar para Maryland.
Lá, foi acolhida pela família (também afegã) com a qual vive hoje. E encontrou neles o que mais precisava: um lar.
Jamila é uma médica experiente, que fala seis idiomas. Ela desconfia que a preocupação dos outros médicos, de que Aesha poderia não estar preparada para as cirurgias, seja um ponto de vista relativo:
- Quem está preparado para uma coisa assim? - indaga ela. - Você nunca conseguirá estar preparado para uma cirurgia assim. A questão é que você precisa estar preparado para apoiar alguém que esteja passando por esse tipo de cirurgia.

A testa de Aesha tem inchado cada vez mais ao longo de seis meses, para fornecer aos especialistas tecido suficiente para reconstruir o nariz. O processo é dolorido, e a afegã diz gritar de dor, toda vez que os médicos injetam a solução salina na testa dela.
Jamila diz que, quando conheceu Aesha, há uns dois anos, a jovem era mal-humorada, imatura, “uma mulher quebrada”. Agora, ela ainda tem crises, mas já encontrou um equilíbrio. E encontrou também a paz em Maryland.
- Agora eu sei o significado da vida, sei como viver - revelou.
Mas isso não significa que ela tenha esquecido o que passou:
- O que aconteceu é parte de mim, parte da minha vida e está o tempo todo na minha mente, comigo. Mas eu tenho que viver, e eu tenho que amar.


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